Sou um ser distraído, sempre fui. Desde muito pequeno, passei a prestar atenção no que parece não ter valor: nos intervalos da vida. E é nesses espaços que ela realmente acontece. Se me distraio com o óbvio, é porque sou mais capaz de pensar no improvável.
Lembro-me do banco que existia na praça perto da minha casa. Quando as coisas ficavam complicadas em casa, eu fugia para lá. Naquele banco, não havia gritos, nem tristezas. Pelo contrário, lá não havia nada. O banco ficava em um barranco, de onde eu podia ver os carros pequenininhos, passando rapidamente pela rodovia. E eu imaginava que, em cada carro, havia pessoas com seus próprios problemas, cruzando rapidamente pela linha do tempo.
Isso me acalmava porque me fazia perceber que os meus problemas também passariam, assim como os carros na estrada. Logo comecei a imaginar as vidas daquelas pessoas, quem elas eram e para onde estavam indo.
Eu passava horas naquele banco... O tempo passou, os bancos mudaram, e agora, com alguns cabelos brancos, ainda vejo o mundo com o mesmo olhar: "metade infância, a outra velhice". Ideias são como sementes, e neste livro eu planto um jardim onde algumas delas crescerão e darão os frutos da minha mente. Portanto, te convido a passear nesse labirinto, se perder por um momento e escapar da realidade comigo.
Um Olhar para o Nada
Livro capa dura com páginas em papel couche fosco 170g.